18 de abr. de 2009

Inclusão? Aqui não.

Ok, se o brasileiro bem informado já acha um pandemônio a inclusão digital, preparem-se pois vocês ainda não viram nada.

A Honda acaba de lançar a CG Titan bicombustível, uma motoca movida a álcool e a gasolina. Segundo dados oficiais enquanto com gasolina a lambreta oficial dos motoboys e afins faz 41km/l, com áico ela faz 29.

Nada mal, não é mesmo? Agora imaginem a invasão ainda maior de motos no trânsito que teremos. Daqui a pouco teremos tantas motos no meio da rua que aqueles corredores que ficam abertos (caso você queira manter o seu retrovisor) serão destinados aos carros.

Levando-se em conta que em SP você encontra (ou encontrava) o litro do álcool por pouco mais que R$1,00, com "10 reáu" o fera legal consegue andar 290km. Tenha medo.

Da mesma forma que uma população mal educada transforma a Internet numa caixa de Pandora, não podemos simplesmente equipar com meios de transporte uma gente despreparada para lidar com situações de risco muito menos praticar direção defensiva. E ai de você se atropelar algum.

Eu oficialmente odeio a Honda a partir de hoje.

14 de abr. de 2009

Fritas acompanham?

Ok, mais um exemplo rápido do que o aumento do poder de compra de gente mal-educada provoca no cotidiano da classe média.

Fui ao banco e estacionei corretamente. Um imbecil veio e estacionou o seu palio de quinta mão bloqueando TODOS os outros carros. Quando eu digo TODOS, não tem excessão. Ou você tem um Delorean ou fica lá com cara de bunda.

O manobrista foi buscar a chave com o proprietário do cururu e ouviu um NÃO do mesmo, dizendo que ele só ia "pagar uma continha rapidinho", que "era só o pessoal esperar que ele já vinha". Quer um escalda-pé também?

Saí com um quente e dois fervendo em direção ao sujeito, e a 120 decibéis falei educadamente:

- Amigo, você é o dono do Palio?
- Sim, sou eu, eu só vou pag...
- Companheiro, você acha mesmo que eu e todos os outros motoristas vamos esperar você pagar sua conta enquanto ficamos todos presos no estacionamento que VOCÊ BLOQUEOU?
- É ráp...
- Companheiro, tire o seu carro imediatamente;
- É foda mer...
- Meu amigo, você quer além de passar vergonha publicamente apanhar na frente de todo mundo?

Óbvio que o diálogo não foi até aí. Mas deveria ter ido, acho. Ou melhor, não deveria. Fiz a coisa certa. Apenas saí dizendo em voz alta que ele estava dando um péssimo exemplo para a sociedade fazendo aquilo. E por sorte quando fui para meu carro esperar ele remover o dele, um outro carro adiante tinha saído e liberado espaço suficiente para que eu, com duas rodas por cima da calçada pudesse sair antes de um confrontamento maior.

O foda é que essa mentalidade é a PADRÃO. Experimenta ir a um hospício e agir normalmente. Lá dentro o louco é você.

13 de abr. de 2009

Aqui dentro, o preto é você

Como eu sou mesmo um panaca, vou postar essa historinha que retrata bem como nosso país é formado por trouxas e o nome de República das Bananas não podia ser mais correto para nossa querida "nação".

O fato é que certa vez fui chamado de mesquinho por cobrar os centavos no troco do supermercado. Como a fila estava grande, isso gerou uma certa "impaciência e insatisfação" nos outros clientes que aguardavam na fila do caixa "rápido", que é tão rápido quanto um modem de 33k numa linha da Telemar, mas isso é assunto para outro post.

Vamos lá, matemática de quarta série. O produto custava R$1,97 e paguei com R$2,00 quanto me fica de troco? Muito bem, R$0,03 ou três centavos. A mula paralítica que estava no caixa prontamente me deu o cupom fiscal e chamou o próximo. Fiz cara de paisagem e fiquei olhando pra ela, que franziu a testa como quem diz "sim, mas... o que o Sr. quer?"

Falei que queria meus três centavos de troco. Foda-se se são três centavos ou três reais. O dinheiro é meu, ganhei honestamente e só dou ele de graça se eu quiser e garanto que não vai ser pra nenhum supermercado fanfarrão. Muito a contragosto a atendente me deu R$0,05 de troco, fazendo aquela cara de nojo que o típico brasileiro com qualificação pra ser caixa de supermercado faz para alguém honesto e que exige seus direitos.

Qual é a lógica dessa anta? O supermercado pode roubar R$0,03 meus, mas não pode abrir mão de R$0,02 em favor do cliente? Então tomem nos seus bons cus e fabriquem moedas de um centavo, ou então arredondem todos os caralhos dos preços dos produtos e evitem serem chamados de ladrões ou coisas menos publicáveis.

Ouvi hoje uma história, que por sinal motivou esse post, de uma senhora aqui de Recife que cansada de receber troco em balinhas juntou um monte e foi comprar um vidro de Nescafé. Chegando na hora de pagar deu as balinhas e após o caixa retrucar, ela disse:

- Por que isso aqui é dinheiro para vocês e não é para mim?

Eu juro que queria estar presente pra ver a cara de bunda do atendente. A bronca da velhinha foi aceita mas não por ela estar CORRETA no seu pleito, e sim por ela ser conhecida por contestar o que acha estar incorreto. E nem adianta argumentar que ela não deveria ter aceito as balas. É OBRIGAÇÃO do estabelecimento ter o troco para passar ao cliente, e não COAGIR a pessoa a aceitar aquelas balinhas sebosas de abacaxi que dão dor de cabeça até no capeta.

O problema é que a corrupção está impregnada em todas as esferas do governo, assim como a falta de educação e desonestidade estão impregnadas em todas as esferas sociais, da classe A até a classe Z. Todo mundo rouba e leva vantagem, a diferença é quanto cada um pode levar desse bolo.

Como num filme que vi muito tempo atrás, na hora em que o branquelo entra na cadeia, o negão fala para ele:

- Aqui dentro, o preto é você.

Uma metáfora perfeita para as pessoas honestas e educadas desse país.

8 de abr. de 2009

O doce sabor da rotina

Na fila do caixa rápido do supermercado (que é tudo menos rápido), sempre tem aquelas gôndolas com as revistas da semana. E entre diversas Contigo, Quem, Onde, Quando, Caras, Bundas e afins, tudo o que se encontra são matérias voltadas para a auto-ajuda focada em mulheres com menos auto-estima que um ornintorrinco.

Dietas milagrosas, cabelo liso num passe de mágica e simpatias para conquistar o amado sempre estão na capa dessas publicações, junto com outro aspecto que considero bem mais relevante: a rotina no relacionamento.

Vou contar um segredo pra todas vocês, mas não espalhem senão essas revistas deixam de ser publicadas. Não querer rotina no relacionamento é proporcional a comer feijoada e não soltar pum, a comer pimenta que não arde, a cerveja sem álcool, a pegar jacaré sem tomar caldo.

Se você quiser ter um relacionamento que dure mais do que uma bala de menta, pode se preparar para cair na rotina. Aquele apetite sexual e aquela vontade louca de passear o tempo todo lentamente será substituída por uma inércia quase imbatível. As saídas, assim como o sexo irão ficar bem mais raros. Óbvio que isso não é uma regra nem quero dizer que o sexo ficará burocrático ou sem graça.

As surpresas como jantares secretos ou buquês de flores se transformarão em surpresinhas bem menos agradáveis como descobrir que a amada ronca ou que o bonitão adora deixar uma cueca freada no banheiro ou a toalha molhada em cima da cama.

Portanto, minha gente, querer dissociar a rotina de um relacionamento é querer dividir um átomo com uma faca Guinzu. O segredo é saber aproveitar as benesses que uma boa rotina com alguém que amamos pode proporcionar.

Basta aprender a apreciar a beleza que assistir a novela juntos tem, uma conversa demorada depois do sexo que se torna muito melhor com a intimidade que só vem com o tempo. Tardes juntos assistindo a um filme, passeios pelo shopping para olhar vitrines ou simplesmente fazer planos para o futuro (que chega bem depressa).

É dizer que odeia o big brother e apostar um com o outro sobre quem vai ganhar (eu acertei), é ficar deitados zapeando canais, é sentir desejo pela mulher mesmo que ela não esteja com as pernas lisinhas e com a depilação em dia e achá-la linda do mesmo jeito, é ser apaixonada pelo cara mesmo com aquela cueca furada e bermuda mostrando o rego. É curtir um jantar a dois, seja saindo para um restaurante chique ou pedindo pizza em casa. É marcar uma saída e desistir porque tá frio e ficar juntinho embaixo da coberta.

Eu particularmente adoro a rotina. Ela me trás momentos de prazer e alegria que as futilidades de um relacionamento vazio e alegria passageira de uma cerveja ou a falsa sensação de liberdade da total independência jamais trarão.